terça-feira, 19 de outubro de 2010

A maior corrida da cidade

Os maiores públicos do Mineirão não passaram pela roleta nem torciam para times. Há 40 anos, apenas se sentavam na grama e apreciavam os pilotos acelerarem no asfalto

Esqueça a data de hoje. Volte 40 anos, para 23 de janeiro, sexta-feira, de 1970. Na capa do Estado de Minas o agito internacional com o receio do então presidente norte-americano, Richard Nixon, temendo um choque fatal com a Rússia e com a China, era o destaque, ao lado de chamadas para assuntos como: "Calça justa já muda os americanos" e "Cientista defende a pílula". Temas que, sem dúvida, foram fundamentais para o mundo atual. Mas em Belo Horizonte o que não saía da boca da moçada era a corrida do domingo anterior: a prova dos 500 quilômetros de Belo Horizonte, vencida por Toninho da Matta e considerada a melhor entre todas as corridas de rua realizadas na capital mineira.

Na véspera, o piloto Marcelo Campos bateu em uma picape e morreu. Marcelo havia feito alguns ajustes em seu Puma, número 38, e foi ao local da prova dar algumas voltas para conferir as modificações. "O trânsito estava liberado para carros, mas não considero que foi irresponsabilidade, pois a cidade era diferente, naquela época um carro passava lá a cada meia hora", lembra Toninho da Matta. Marcelo tinha sido campeão brasileiro de carros nacionais, no Autódromo da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em 1969.

Com o acidente, a corrida, que já reunia vários ingredientes, ganhou um componente trágico. Grande parte dos pilotos mineiros, que eram amigos de Marcelo, saíram do velório e foram para o local da prova. Se juntaram a eles pilotos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, alguns de destaque internacional, como os irmãos Fittipaldi (Wilson e Emerson), além de Luis Pereira Bueno. Emerson, era o grande favorito, por ser campeão da Fórmula 3 inglesa. No total, 28 veículos, entre carros de rua preparados e protótipos.

Porém, o carro do favorito, o Corcel número 74, em que fazia dupla com Boris Feldman, apresentou uma série de defeitos e abandonou a prova na 10ª volta. Já Wilson pilotava um Fusca, com dois motores, mas que teve defeito na barra de direção, e Toninho conseguiu abrir uma vantagem de nove voltas. Quando conseguiu resolver o problema, Wilson retornou à prova, ultrapassou Toninho, mas depois quebrou definitivamente, abandonando a corrida.

Apesar da saída dos irmãos Fittipaldi, a tarefa não foi fácil, como conta Toninho: "Quando faltava uma hora para terminar, o freio traseiro acabou, mas não podia desistir, porque estava liderando. Na hora era o Ivaldo (Ivaldo da Matta, primo de Toninho, já falecido) que pilotava. Ele desceu do carro e o Chico Landi... Poxa, o Chico era o cara para a nossa geração. Naquela época, ele tinha 65 anos, que é a idade que eu tenho hoje. O Chico disse: 'Toninho, entra no carro'. O problema era que a tubulação traseira, que era de cobre, vazava óleo e, por isso, não tinha freio. O Chico falou para o mecânico bater o martelo no cano de cobre e isolar o freio traseiro e ficar só com o dianteiro. Terminei a corrida assim, administrando".

Chico Landi era uma espécie de chefe da equipe e foi o primeiro piloto brasileiro a competir na Fórmula 1, além de ter sido o primeiro a preparar o Opala 21 (leia mais sobre o carro campeão na página 12). O Estado de Minas do dia seguinte da prova relatou que "se alguns corredores tinham cara de sono, no dia da corrida, foi porque passaram a noite em claro velando Marcelo". Aliás, alguns dos troféus, macacões, capacetes e objetos da história de Marcelo Campos podem ser vistos no Museu da Casa de Cultura Carlos Chagas, em Oliveira, Região Centro-Oeste.

Início


A origem das corridas dos rapazes que chegaram a aglutinar 150 mil pessoas para vê-las (em uma época que a população de Belo Horizonte não passava de 1 milhão de pessoas) não é um exemplo a ser seguido. Kid Cabeleira, um dos pilotos da época, hoje titular de cartório na cidade, onde é conhecido como Luis Carlos da Fonseca, recorda: "Juntávamos uns 10, 15 carros do pessoal que andava com o pé embaixo e íamos para os nossos circuitos: o Anel Rodoviário, que era bem mais estreito, o Bairro Engenho Nogueira e outros pontos", lembra Kid. Ele diz que existia o informal troféu DET, alusão a Sigla do então Departamento Estadual de Trânsito, e que aqueles que escapassem das motocicletas Harley-Davidson dos policiais eram premiados.

Além dos pegas urbanos, a turma, que segundo relato de Kid era conhecida "tanto na sociedade mineira quanto na lista do DET", promovia pegas de Belo Horizonte até Juiz de Fora, e de lá iam para Matias Barbosa para depois voltar à capital. Havia também rachas mais curtos, entre BH e Ouro Preto ou BH e Lagoa Santa.

Já Toninho da Matta diz que antes de correr no Mineirão era da turma do kart. "O meu pai me bancava para correr de kart, mas para arrumar um carro eu tinha que me virar", conta Toninho. A solução encontrada por vários pilotos foi fazer parceria com uma concessionária da época, que bancava o carro e a preparação em troca da publicidade, que não era pequena. Os pilotos tinham status de artista na cidade, as corridas eram transmitidas ao vivo, porém, nem o mais famoso deles era muito certo da fama que tinha: "Era uma coisa tão inédita que muita gente pensava que nós éramos doidos. Que correr daquele jeito era coisa de maluco", recorda Toninho.

Fonte: VRUM

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SIMCA - Edu Malavéia



As duas primeiras fotos são de Edu Malavéia - Mineirão - 1970 - por Roberto Trindade



A terceira foto, segue a descrição a seguir:

"Olá Mayane, segue foto de um trabalho que estou fazendo para o Edu "Malavéia", piloto antigo aqui em BH e que correu com uma SIMCA nas duas primeiras provas que aconteceram no Circuito externo do Mineirão. Devo finalizar essa miniatura até o final do mes e então te mando mais fotos. Mas vou postar no blog também.
Abraço.
Paulo Fiote"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ambev investe em cerveja que não ‘estufa’

Com novo produto, que chega ao mercado de São Paulo esta semana, fabricante quer atrair novos consumidores e ampliar o mercado da bebida

Nos últimos três anos, a Ambev ouviu 2,5 mil pessoas por mês para saber o que precisava mudar na fórmula da cerveja para que o brasileiro consumisse mais. Os consumidores, segundo a empresa, foram quase unânimes: queriam ir menos ao banheiro e se sentir menos "estufados" depois de algumas latinhas.

O centro de desenvolvimento de produtos da empresa ainda não conseguiu atender ao primeiro pedido, mas o segundo chegará ao mercado paulista neste fim de semana.

Produzida por meio de um ciclo rápido de baixa fermentação, a Skol 360º é uma cerveja mais leve, com 4,2% de teor alcoólico. "Chegamos a um líquido que não causa aquela sensação de empapuçamento, principalmente quando se associa cerveja à comida", explicou o mestre cervejeiro Luciano Horn, responsável pelo desenvolvimento do novo produto da linha Skol, marca que detém 33% de participação no mercado brasileiro.

A intenção, segundo a Ambev, é mais do que alcançar um público que não está habituado a beber cerveja, mas introduzir a bebida em "ocasiões" em que ela ainda sofre resistência, como as que envolvem refeições. "Quando pensa em reunir os amigos para comer, o brasileiro opta por outro tipo de bebida – a exceção é o churrasco", diz Pedro Earp, diretor de marketing da Skol.

A fórmula foi desenvolvida em conjunto por profissionais dos centros de desenvolvimento tecnológico da empresa no Brasil, na China, EUA e Bélgica. A empresa não divulgou quanto investiu no projeto – disse apenas que o valor integra os R$ 2 bilhões destinados ao País em 2010.

Consumo

Para alguns consultores especialistas em cerveja, por trás da estratégia da Ambev de agradar os consumidores, acabando com a sensação de "estufamento", há dois interesses evidentes: aumentar o consumo no mercado brasileiro e reduzir custos de produção, já que o período menor de fermentação permite que os tanques sejam melhor aproveitados, com cerveja nova.

A Skol 360º começou a ser testada em abril, em Goiás e Brasília. "Atingimos 10% de participação nos dois mercados nesse período", diz Carlos Lisboa, vice presidente de marketing da Ambev. A partir de sábado, o produto estará à venda em São Paulo, Campinas, Santos, Sorocaba e no Vale do Paraíba. Até o início de 2011, deve ser oferecido em todo o território nacional. O preço sugerido é o mesmo da Skol tradicional.

A campanha publicitária, desenvolvida pela F/Nazca, também começa a ser veiculada no fim de semana. Alguns dos elementos estéticos das campanhas da Skol foram mantidos. Mas, para dar uma identidade nova ao produto, a agência criou a figura do "homem-baiacu" – pessoas que "inflam" , como o peixe, depois de tomar um copo de cerveja. "Nosso desafio foi mostrar que essa não é um produto de nicho: é um produto novo, que vem para concorrer com a própria Skol", diz Fábio Fernandes, sócio da agência.


Fonte: Estadão

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O veículo do Futuro já está em Blumenau

Quem passou pelas ruas Martin Luther e Hermann Huscher, por volta das 16h desta quinta-feira, pôde ver, em primeira mão, aquele que ainda deverá tornar-se o meio de transporte mais utilizado pelas pessoas em cidades de grande e médio porte, entre as quais Blumenau.

Trata-se, basicamente, de uma espécie de moto com três rodas e um misto de cabine e capota de proteção, para piloto e passageiro. No lugar de um carro, cabem quatro triciclos como este. O espaço que cinco pessoas ocupariam para se locomover pelas ruas da cidade, pode receber até oito com o uso deste meio de transporte.

O veículo é silencioso, confortável e bem mais seguro do que uma moto convencional. Em dia de chuva, elimina o risco de quedas improváveis, pois sustenta-se sobre três rodas, e não apenas duas. Fácil de estacionar e econômico – pode fazer até 30 quilômetros por litro de gasolina, o Xara 150 (cuja pronúncia, em mandarim, é "Xará") é fabricado na China e está sendo importado por uma empresa do Paraná. Tem motor de 150 cilindradas, com 8,8 cavalos de potência, atingindo velocidade máxima de 100 km/h.

Quando se sabe que, num futuro não tão distante, a propulsão de veículos automotores deverá ter a eletricidade como uma de suas principais fontes (após o fim do petróleo), fica fácil perceber como este novo – no formato, não no conceito – meio de transporte terá ampla vantagem sobre os carros atuais, cuja autonomia e desempenho deverão ser bastante afetados por esta importante mudança de matriz energética.

Além disso, o esgotamento da mobilidade urbana nas cidades, onde a infraestrutura viária já não acompanha o crescimento da população e da frota de automóveis, também forçará a expansão do uso de triciclos como este.

Pelo que se pôde perceber nesta quinta-feira, esse novo tempo já iniciou sua aproximação de Blumenau. Por isso, vá se acostumando, você ainda verá muitos destes veículos pelas ruas da cidade, seus filhos mais ainda. Hoje ele é exótico, mas amanhã será hegemônico, muito provavelmente.